top of page

Zidane, técnico madridista

  • Foto do escritor: Joana Bueno
    Joana Bueno
  • 5 de jun. de 2017
  • 4 min de leitura

Zinedine Zidane com a taça da Champions

Muito se fala sobre Pep Guardiola, José Mourinho ou Antonio Conte, mas poucos reconhecem os méritos de Zinedine Zidane como técnico. É bem verdade que o treinador do Real Madrid não é inovador como Guardiola ou midiático como Mourinho, mas Zizou vem fazendo, há um ano e meio, um excelente trabalho no time merengue, atual bicampeão europeu e melhor equipe de futebol do mundo no momento.

Para ser técnico do Real Madrid é preciso, além de ser ótimo treinador, ter identificação com o Madridismo e saber gerir egos, qualidades que não necessariamente são exigidas em outros clubes. E em Zidane sobram essas duas características. O ex-meia foi um dos últimos ídolos daquele que é considerado o maior clube do mundo. Foram apenas cinco anos como jogador merengue, com a conquista de somente uma Champions e um Espanhol, além de outros títulos de menor relevância, mas Zidane encarnou o Madridismo como poucos. Adotou a cidade de Madri como sua - continuou morando lá após a aposentadoria como jogador e manteve os filhos nas categorias de base do Real -, seguiu representando o clube em eventos e começou aos poucos a assumir cargos diretivos nos bastidores. Zidane estava sendo preparado - e se preparando - para eventualmente ter o comando da equipe principal, uma vez que fazia já algum tempo desde que o Real Madrid não tinha um técnico identificado com o clube - mais precisamente, desde a saída de Vicente del Bosque em 2003.

Quando da contratação de Rafa Benítez, a diretoria do Real tentou empurrar goela dos torcedores abaixo a "ligação" do treinador com o clube: o espanhol havia jogado e treinado o Real Madrid Castilla, mas nunca se identificara com o Madridismo. Benítez ainda pecou na segunda exigência para ter sucesso no clube merengue: não soube gerir o ego da equipe super-estrelada e fez inimigos entre os jogadores com apenas poucas semanas de trabalho. O mau relacionamento transbordou para o campo, e o espanhol foi demitido após seis meses.

Foi depois da queda de Benítez que Zidane estreou como técnico efetivo de um time de Primeira Divisão, sem muita pressão, já que esperava-se dele apenas minimizar os estragos de seu antecessor até o fim da temporada. Porém Zizou fez mais. Manteve o Real na briga pelo título espanhol até a última rodada e conquistou a Champions em cima do rival Atlético de Madrid. Com esse belo início, o que mais se poderia esperar do novato treinador? É aí que começa efetivamente o excelente trabalho de Zidane no comando do Real Madrid.

Como gestor de equipe, trabalhando desde a pré-temporada pela primeira vez, Zidane promoveu a reaquisição de Morata e a contratação de Asensio, além de dar mais espaço a Lucas Vásquez. Como treinador, conseguiu encontrar a melhor formação entre inúmeras excelentes opções de meio-campo, com Casemiro, Toni Kroos e Modric como titulares. Como gestor de egos, soube minimizar as insatisfações de James Rodríguez, Isco e Morata com a reserva e encontrar espaço para todos dentro das rotações feitas para evitar o desgaste de um time que brigou - e conquistou - dois importantes títulos na temporada.

Entretanto, as qualidades de Zidane como treinador vão além. Tendo sido um dos melhores meias que o futebol já viu, Zidane fez do meio-campo do Real o núcleo do time. Toni Kroos e Modric, que sempre foram polivalentes, mas de características mais defensivas, se tornaram meias, enquanto Bale (ou Isco) e Cristiano Ronaldo passaram a ser oficialmente atacantes, e Benzema deixou de ser centroavante para ajudar na criação de jogadas, atuando, inclusive, pelos lados do campo - o número de gols do francês caiu, mas não é exagero dizer que ele teve em 2016/17 sua melhor temporada na carreira. Com a segurança passada por Casemiro e seus companheiros de meio-campo, os laterais Marcelo e Carvajal tiveram mais liberdade para subir, fortalecendo o ataque, sem desguarnecer a defesa. O Real deixou de ser um time de contra-ataques e passou a ter mais posse de bola, sem, no entanto, diminuir a porcentagem de acerto de passes. Além disso, não foram poucas as vezes em que Bale/Isco e Ronaldo trocaram de lado, assim como Kroos e Modric, ao melhor estilo futebol total, tão caro ao rival Barcelona.

O excelente trabalho tático-técnico de Zidane ficou evidente nos rodízios feitos na reta final da temporada, sem que o Real perdesse em qualidade ou perdesse a sua característica de jogo. E, mais especificamente, na final da Champions contra a Juventus, quando, após um primeiro tempo de nítida superioridade do rival, Zidane mudou totalmente o jogo sem fazer nenhuma alteração no elenco, mas apenas trocando o posicionamento de Isco. O meia passou a atuar mais pela esquerda, infernizando a vida de Alex Sandro e deixando Toni Kross mais solto. Foi pela esquerda, após finalização do alemão, que saiu o gol de desempate do Real, com Casemiro pegando rebote. E pela direita, com Ronaldo trocando de posição com Isco, Carvajal e Modric que veio o terceiro tento, que selou a vitória merengue.

Outro evento que deixou claro o dedo de Zidane na equipe foi a derrota por 3 a 2 para o Barcelona no Santiago Bernabéu, em abril, quando, após James igualar o marcador aos 40 do segundo tempo, o Real seguiu pressionando, permitindo o contra-ataque que selou a vitória blaugrana nos acréscimos. O empate era favorável ao time madrilenho, que permaneceria dois pontos à frente do rival e com um jogo a menos, mas Zidane fez questão de enfatizar na coletiva após o jogo que o time seguiu suas instruções ao tentar a vitória - e acabar sendo derrotado. Esse é o Madridismo que encarna Zidane.

Crédito: realmadrid.com

Comments


You Might Also Like:
Rio 2016
Santiago Bernabéu
Santiago Bernabéu
Estádio Olímpico de Berlim
Parken Stadium
Estádio Olímpico de Berlim
Estádio Olímpico
Estádio Aquático
Maracanã
Grand Stade de Marrakech
Centro Olímpico de Tênis
Arena Olímpica do Rio
Velódromo Olímpico
Arena Carioca 1
Allianz Arena
Estádio Azteca
Allianz Arena
Staples Center
Grand Stade de Marrakech
Couto Pereira
Mercedes Benz Arena
Max-Schmeling-Halle
Mercedes Benz Arena
Ciudad Real Madrid, Valdebebas
Estádio Olímpico de Amsterdã
José Alvalade
Amsterdam ArenA
Camp Nou, orelhuda
San Mamés
Ramón Sánchez Pizjuan
Caja Mágica
Santiago Bernabéu
José Alvalade
Monumental de Núñez
Estádio do Dragão
Estádio da Luz
Benito Villamarín
Camp Nou
Arena Fonte Nova
Estádio Olímpico de Berlim
Stadion An der Alten Försterei
Estádio Olímpico de Berlim
Sobre a autora

Apaixonada por futebol desde 1981.

Entusiasta de quase todos os outros esportes.

Turista de estádios.

Combinando a bola no pé e os dedos no teclado em seu próprio espaço.

 

Inscreva-se na newsletter

E saiba sobre novos posts

Procura por Tags

© 2023 by Going Places. Proudly created with Wix.com

bottom of page