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Ônibus vermelho


Mourinho em estádio vazio

José Mourinho conquistou mais um título. Sua primeira Liga Europa. A capacidade do técnico português é inquestionável, mesmo que seu estilo de futebol não me agrade. Mas meu problema com Mourinho não é ele colocar 11 jogadores atrás da linha da bola. A questão é ele fazer isso com times como o Chelsea de 2014/15, a Inter de Milão de 2009/10 e o Manchester United desta quarta-feira à noite na final contra um Ajax de média de idade de 22,7 anos e totalmente azarão.

O objetivo do futebol é o gol. Goal em inglês, but em francês. Mas nem todo mundo concorda com isso. E, ao enfrentar um time superior, normalmente a melhor tática é realmente se fechar na defesa esperando uma oportunidade de surpreender o adversário. Mas prestem atenção: ao enfrentar um time superior. Quando se tem no elenco o jogador mais caro da história, dois dos melhores atacantes jovens da Premier League, Rashford e Martial, e outros dos quilates de Juan Mata, Daley Blind, Mkhitaryan e Ander Herrera, armar um time defensivo contra os quase desconhecidos e inexperientes Traoré, Riedewald e Dolberg é quase covardia.

Podem dizer que, por ter torcido para o Ajax, estou criticando o Manchester United de cabeça quente. Porém, a verdade é que o embate entre duas das equipes mais tradicionais da Europa tinha tudo para ser um jogo eletrizante, e foi uma tediosa partida entre um jovem ataque desordenado contra um muro à frente da grande área de Romero. Ou melhor, um ônibus, como o próprio Mourinho certa vez definiu. O United fez um gol logo no início, com uma bola desviada na zaga enganando o goleiro, e outro no segundo tempo, em cobrança de escanteio. E, durante o resto da partida, fechou muito bem a marcação, anulando as características jogadas laterais do Ajax e congestionando o meio de campo na Friends Arena. Pouco mais se pode falar sobre a final.

Mourinho conseguiu fazer com que um time que contava com Hazard, Fàbregas, Oscar, Willian e Diego Costa não encantasse. Numa super-estelar Inter que havia ganhado o jogo de ida por 3 a 1, não arriscou contra o Barcelona e deixou até Eto'o na marcação na entrada da área. Não à toa o português não deu certo no Real Madrid e foi execrado por imprensa e torcida. O time merengue preza pela sua tradição ofensiva, e ganhar (poucas vezes) do Barcelona-melhor-time-do-mundo renegando ao seu DNA não foi suficiente para o treinador conquistar o Madridismo.

O título da Liga Europa recoloca o Manchester United na Liga dos Campeões. E, ainda sem um conjunto que faça frente a equipes como Real Madrid, Bayern, Barcelona ou Chelsea - mesmo que gaste novamente rios de dinheiro no mercado do verão europeu na compra de Griezmann e outros -, pode ser que a alternativa dos Red Devils diante de um possível embate decisivo com essas equipes no torneio europeu seja mesmo estacionar seu ônibus. No entanto, Mourinho, que tanto diz se inspirar em Alex Ferguson, deveria honrar a história do maior técnico do United e criar coragem para partir para cima ao menos dos times menores que nada têm a perder na Champions. O futebol merece ter um Manchester United jogando bem na Champions.

Crédito: facebook Manchester United

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