Eu me apaixonei pelo tênis há 20 anos. Culpa de um tal de Gustavo Kuerten. Sempre gostei do esporte, mas ter por quem efetivamente torcer mudou a minha relação com o tênis. Mudou também a relação do tênis com a televisão brasileira, que passou a dar destaque aos grandes torneios do circuito nos canais de esporte por assinatura. E, depois que o Guga não conseguiu mais aguentar as dores no quadril, minha paixão pelo tênis continuou, havendo ou não um/a tenista por quem torcer - brasileiro/a ou não.
No fim da era Guga, nosso rei do saibro passou o cetro ao verdadeiro rei do saibro. Um espanhol que aos 21 anos de idade já mostrava uma força e um talento excepcionais. Este fim de semana, Rafael Nadal conquistou seu décimo título em Roland Garros sem perder um set sequer. Aos 31 anos e após diversas lesões, Nadal faz uma temporada espetacular, quando muitos já apostavam numa carreira em queda. É para reverenciar e aplaudir de pé.
O espanhol, aliás, não é o único tenista veterano a surpreender em 2017. Roger Federer, que protagonizou com Nadal a maior rivalidade recente da modalidade, levou aos 35 anos o outro Grand Slam da temporada, reeditando com o espanhol as grandes finais dos anos 2000 - o primeiro título de Grand Slam do suíço em cinco anos. Num esporte onde o desgaste físico se faz sentir mais do que a média e, cada vez mais, os tenistas se aposentam ainda jovens devido a lesões, Federer e Nadal vão mostrando porque são dois dos melhores atletas de todos os tempos.
Aos 36 e já cheia de lesões sem nunca ter praticado esporte profissional, fico pessoalmente emocionada com a temporada que Federer e Nadal vêm fazendo. Além de oferecerem aos fãs do tênis excelentes partidas e jogadas, os dois mostram ainda uma extraordinária capacidade de renovação: não é preciso ser um grande entendedor da modalidade para perceber o quanto o estilo de jogo de ambos mudou para que conseguissem se manter - e voltar - ao topo por tanto tempo.
Mesmo que "reascensão" de Federer e Nadal evidencie também uma baixa renovação no tênis mundial masculino, é inegável que reviver a rivalidade dos dois e vê-los voltar a exibir seu melhor tênis é um presente para os amantes do esporte.
Crédito: facebook Rafael Nadal